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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Quando o xixi na cama é sinal de alerta

O comportamento é considerado normal até os seis anos e só precisa de auxílio médico se a criança chegar aos nove ainda sem o controle da bexiga durante o sono

O hábito de a criança fazer xixi na cama sempre despertou a preocupação dos adultos, mais pelo incômodo que pela gravidade. A maioria dos pais imagina que o problema se resolve sozinho, mas sempre acaba ficando aflita quando o filho vai crescendo e a incontinência não desaparece.
Na verdade, o comportamento é considerado normal até os seis anos e só precisa de auxílio médico, se persistir após os nove anos. Segundo o pediatra Marcelo Pontual, molhar a cama é um comportamento comum. “A maioria das crianças ainda está desenvolvendo o controle sobre o sistema urinário ou tem uma bexiga pequena e não pode conter o xixi. Ou então, os pequenos dormem profundamente e não conseguem despertar quando a bexiga está cheia. Esses fatores não são motivos de preocupação", explica. Ainda conforme o médico, se o hábito prosseguir até a pré-adolescência, fase iniciada por volta dos dez anos, pode existir um problema maior, a chamada enurese noturna. A doença afeta principalmente meninos e, em algumas situações, prolonga-se até os 20 anos de idade (1% a 2% dos casos).
Sua identificação deve ser feita por um médico, por meio de exames clínicos e da análise do histórico do paciente De acordo com Lúcia Albuquerque e Souza, psicóloga e terapeuta familiar, os pais, porém, não devem descartar as possíveis causas emocionais que podem estimular o hábito. “A análise do ambiente familiar da criança é importante. Em alguns casos, elas relatam o medo de ir ao banheiro à noite por algum trauma. É preciso investigar por que começou e o ambiente em que ela vive”, comenta.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Educação, Ambiente e Verdade

Segundo o minidicionário da Língua Portuguesa da Melhoramentos, Educação significa: 1. Desenvolvimento das faculdades físicas, morais e intelectuais do ser humano. Já o verbo Educar: 2. Formar a inteligência e o espírito de. 3. Cultivar a inteligência. No mesmo dicionário; Ambiente: 1. Aquilo que cerca os seres vivos ou as coisas. 2. Lugar, espaço, recinto.

Juntando esses dois, conceitos fica muito fácil de pensar em Educação Ambiental: ensinar as pessoas a pensarem de maneira holística e integrada com seu corpo, intelecto e valores. Mas esses conceitos precisam da prática, e esta é desenvolvida com pessoas. Pessoas que estão sempre em movimento, em questionamentos, em crises, que possuem crenças, valores e culturas que influenciam em suas ações.

Aliado a isso temos influências externas e muitas delas nem tão preocupadas assim com princípios educacionais. E este é o grande desafio das pessoas que se propõem a fazer esse papel, seja como professor, facilitador, orientador ou simplesmente aquele que quer ser um exemplo.

Mas é claro que existe um caminho. Na verdade, vários e um dos que visualizo com mais clareza é a verdade. O olhar real e holístico sobre o desafio, sobre a atividade, o público, sua cultura, seus princípios. Como lidar com cada um desses quesitos? De maneira participativa, ou seja, todos pensam na questão, facilitadores e educandos.

Uma vez assisti a uma apresentação do psicólogo social Oscar Motomura e ele disse -algo que vale para qualquer segmento; mas que na educação, além de ser uma prática colaborativa, traz o conceito de “formar a inteligência e o espírito”. Ele falou sobre colocar o problema na mesa, encará-lo com seriedade, sinceridade e verdade. Sem disfarces, preconceitos ou com “panos quentes” para proteger esta ou aquela metodologia, política ou ideologia. Porque às vezes uma ideologia não encaixa em determinada realidade e isso não quer dizer que ela não seja boa ou que não tenha valores éticos.

A idéia da educação ambiental se estende à esta prática; só assim de maneira flexível e verdadeira poderemos alcançar mentes e corações, valores e princípios, teoria e prática. E isso em qualquer idade, em qualquer lugar, em qualquer situação e sob qualquer viés. Educação para a cidadania, educação para o consumo consciente, educação formal, enfim, educação para a vida, cultivando a inteligência ambiental.

*Luciana Dorta – Relações Públicas, Educadora Ambiental e Diretora da SOMA Agência de Comunicação Sustentável, às vezes se pega em máscaras, mas prefere a verdade. Para saber mais acesse http://www.somaagencia.com.br/

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Academia de Integração Sensório-motora (a importância dos estimulos para a criança)

Artigo escrito pela Terapeuta Ocupacional, Gisleine Martin
Os estudos atualizados de plasticidade neuromuscular realizados por Taub (1999), Nudo (1999), Weiller (1999), vêm demonstrando através de PET scan (Tomógrafo de Emissão Positrônica) e TSM (Estimulação Transcranial Magnética) o quanto o nosso SNC (Sistema Nervoso Central), especificamente o córtex motor e sua área de representação, pode ser alterado em função de vivências e treinamentos.

Esses estudos comprovam que o treinamento de uma determinada parte do corpo, de forma sistematizada, diversificada e controlada, refletirá num aumento considerável da representação dessa área no mapa cortical.

Por outro lado, alertam para o desuso e as implicações advindas pós-lesão, amputação, traumatismos, etc. como fatores que reduzem a representação do mapa cortical.

Conforme comprovações realizadas nessas e outras pesquisas (Diamond, 2000) a plasticidade cerebral reflete a experimentação e vivência diária do indivíduo (Kandel, 1997). Nosso mapa motor-cognitivo sofre alterações a cada nova experiência e conhecimentos adquiridos.

No entanto sabe-se a importância do córtex associativo para a aprendizagem, especialmente a ação proposital. Toda a nossa aprendizagem sensório-motora é registrada, decodifica e memorizada através dos caminhos funcionais. As áreas de associação estão relacionadas com percepção, movimento e motivação. Assim movimentos passivos, estimulação táctil passiva e exercícios desprovidos de eficácia funcional para o SNC, não são interpretados pelo córtex associativo.

Dessa forma relacionando à nossa prática terapêutica, um movimento destituído de um aporte funcional não é incorporado por uma criança com lesão neuromotora.(Levin, 2000) (Carr, 1998).

Esses achados, agora comprovados por ferramentas avançadas de análise, estão nos últimos anos modificando as abordagens de tratamento, principalmente o Conceito de Tratamento Neuroevolutivo (NDT), que entende agora, a necessidade não só do feedback motor, como também o feedforward (antecipação) que é a imagética do movimento e da sensação que foi armazenada nos bancos de memória do córtex associativo, impregnada das sensações provocadas pelas experiências prévias e aprendizagens funcionais. (Lent, 2001)

O movimento está presente no ser humano impregnado de sensações dos sistemas: sensorial somático (propriocepção, tato, nocicepção, pressão e temperatura), vestibular, visual, auditivo e gustativo. De maneira ergonômica o SNC busca sempre as melhoras rotas para realizar essas tarefas operacionais com eficácia energética. (Shumnway-Cook, 1995).

Para Jean Ayres, que desenvolveu a teoria de Integração Sensorial (SI), a organização das sensações do corpo e do meio ambiente em um processo freqüente de reconhecimento, interpretação e ação, resulta na Integração Sensorial.

No desenvolvimento da criança, esse processo é o caminho da decodificação de cada estímulo e a sua resultante, é o desenvolvimento da capacidade de perceber, aprender e organizar estímulos corporais e ambientais e de processá-los para as funções e atividades significativas, é o caminho de dar significado a cada sensação, a cada experiência. (Ayres, 1979).

Essas respostas adaptativas que a criança processa através da experimentação cada vez mais ampla em graus, tipos e combinações de informações sensoriais, são impregnadas de objetivos e intenções e resultam numa modificação do meio ambiente. Essas experiências são armazenadas pelo SNC, e serão as memórias sensoriais resgatadas em experimentações futuras.

Esse processo de interagir com eficiência e segurança às demandas e desafios do meio ambiente, se traduz por maior capacidade de organização sensorial e maior capacidade de produzir respostas adaptativas complexas. (Fisher e col, 1991).
Assim, SI é um processo neuronal de recepção, registro e organização do input sensorial que será utilizado para as respostas adaptativas do nosso corpo às interações com o meio ambiente.
Esse processo inicia-se durante o desenvolvimento pré-natal, e para Ayres, esse processamento reflete-se em desenvolvimento e organização do vínculo pai-filho, em desenvolvimento social, em auto-estima e auto-regulação.
Assim SI não é somente a base da aprendizagem como também é a base de um adequado desenvolvimento emocional.
Sabe-se também que através das redes interconectivas neuronais, os diversos sistemas operacionais se relacionam intercambiando funções e informações.O processamento de informações mais complexo é feito por conexões em série e em paralelo de diversas regiões cerebrais, enquanto que regiões distintas e localizadas são responsáveis por operações elementares. (Kolk, 2000)

Segundo Kandel (1997), mesmo quando a função desaparece de primeiro momento, com o passar do tempo poderá ser retomada parcialmente, porque áreas não lesadas, de uma certa maneira irão reorganizar-se para realizar essa função perdida. A mais simples tarefa cognitiva demandará a coordenação de diversas áreas cerebrais distintas. (Kandel, 1977).

A Neurociência compreende também hoje que aportes cognitivos ampliam aportes motores, que aportes sensoriais ampliam aportes cognitivos e vice-versa sucessivamente (Damásio, 2000).

Conhecendo essas novas descobertas autoras como: Blanche, Botticelli, Hallway, (1995), vêm propondo aos profissionais de reabilitação neuro-motora que utilizem a combinação das abordagens NDT e SI, como formas complementares de tratamento. Enquanto o NDT busca o aprimoramento motor, o SI busca fornecer recursos para diminuir o impacto que o sistema sensorial deficitário causa ao sistema cognitivo-motor.

As equipes formadoras de NDT agora, Bly (1997) entre outras, entedem que os exercícios motores devem equacionar atividades que sejam funcionalmente relevantes para o ambiente sócio-emocional e familiar do indivíduo.

Complementando ainda esses achados, os neurocientistas alertam que a plasticidade neuromuscular tão necessária aos indivíduos com lesão neuromotora só poderá ser eficaz se forem considerados os fatores: quantidade, sistematização, freqüência, adequação funcional e ativação do sistema motivacional.

O Sistema Límbico, um dos principais sistemas responsáveis pelas emoções, tem importante influência sobre a plasticidade cerebral. A felicidade e o medo podem ativar ou paralisar respectivamente o córtex motor.

Considerando o acima exposto brevemente, sugerimos uma sala de estimulação sensório-motora-cognitiva, rica de atrativos visuais, desafios e facilitadora de experiências funcionalmente ativadoras de mecanismos de ajustes posturais (reações de endireitamento, de equilíbrio e proteção), de experimentações graduadas motoras e sensoriais.

Uma verdadeira academia de fortalecimento de aprendizado integral, lúdica e um lugar de aconchego emocional e bem-estar. Um lugar para as crianças brincarem felizes enquanto fortalecem e ampliam as redes neuronais do córtex integrativo.

Bibliografia :

Ayres, A. J. Sensory integration and the child, Los Angeles, Western Phychological, 1979.


Blanche, E. I., Botticelli, T. M., Hallway, M. K. Combining neuro-developmental treatment and sensory integration principles an approach to pediatric therapy, Arizona, The Psychological Corporation, 1995.

Bly, L. A historical and current view of the basis of NDT, Pediatric Physical Therapy, 3:131-135., 1991

Carr, J. H. e Shephered, R. B. Neurological Rehabilitation. Optimizing motor performance, Oxford, Butterworth Heinemann, 1998.

Cohen, H. Neurosciense for Rehabilitation, Texas, Lippincott Williams & Wilkins, 1999.

Diamond, M. e Hopson, J. Árvores Maravilhosas da Mente, Rio de Janeiro, Editora Campus, 2000.

Damásio, A. R. O erro de descartes, emoção, razão e o cérebro humano, São Paulo, Companhia das Letras, 2000.

Fisher, A. G., Murray, E. A., Bundy, A. C. Sensory Integration, Theory and Pratice, Philadelphia, F. A. Davis Company, 1991.

Gazzaniga, M.S. (ed.) The Cognitive neurosciences, The MIT Press, Massachussets, 1997

Kandel, E. R., Schwartz J. H., Jessell, T. M. Fundamentos da neurociência e do comportamento, Rio de Janeiro, Editora Prentice-Hall do Brasil Ltda, 1997.

Kolk, H. H. J. Multiple Route Plasticity, Brain and Language, 71: 29-131, 2000.

Lent, R. Cem bilhões de neurônios, conceitos fundamentais de neurociência, São Paulo, Editora Atheneu, 2001.

Levin, H. S. e Grafman, J.(eds.) Cerebral Reorganization of Function After Brain Damage, New York, Oxford University Press, 2000.

Nudo, R. J. e Friel, K. M. Cortical plasticity after stroke: implications for rehabilitation, Revue Neurologique, 155 : 713-17, 1999.

Shumway-Cook, A. e Woollacott, M. Motor Control, Theory and practical applications, Baltimore, Lippincott Williams & Wilkins, 1995.

Taub, E. e col. Constraint-Induced Movement Therapy: A new family of techiques with broad apllication to Physical rehabilitation - a clinical review . Journal of Rehabilitation Research and Development, Vol. 36 (3): 363-379, 1999.

Weiller, C. e Rijntjes, M. Learning, plasticity, and recovery in the central nervous sustem. Experimental Brain Research 128: 134-138, 1999.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Salário pode aumentar 15% a cada ano de estudo

Mariana tem cinco anos, adora contar histórias, demonstra excelente raciocínio lógico e quando perguntada sobre o que deseja ser quando crescer responde de pronto: ser veterinária. É muito provável que ela mude esta opção ao longo dos anos e que na hora de escolher uma carreira conte com a ajuda de pais, amigos e professores. Mas o final desta história vai depender em que grupo Mariana vai estar no futuro.
Dados do Ministério da Educação revelam que o estudo superior vem se popularizando entre os brasileiros mas apenas 10,4% dos jovens chegam ao banco de uma faculdade. Um número alarmante e que merece uma reflexão profunda e atenta de governantes, educadores e pais. A educação é ferramenta para formação do indivíduo e da nação, apenas através dela é possível mudar a história deste país, tudo isto nós sabemos, agora a Fundação Getúlio Vargas publica uma pesquisa intitulada “Você e o Mercado de Trabalho” revelando que cada ano de estudo pode representar até 15% a mais no salário.
Além disto, o jovem com curso superior terá 387% a mais de chance de ser escolhido numa disputa de emprego contra aquele que não tem o diploma. Como cidadãos devemos estar atentos à maneira como é gasta a verba pública, como educadores é fácil perceber o tamanho da responsabilidade e aos pais eu faço uma sugestão: plano de previdência para custear a faculdade.
Funciona como um plano de previdência comum, mas ao invés de se planejar a aposentadoria a meta é custear os estudos que podem ser universitários e até um MBA, isto fazendo contribuições de R$ 50,00 por mês. Na minha opinião, a melhor maneira de ir garantindo que a faculdade seja um sonho acessível.
O ideal é tirar todas as dúvidas com um profissional do ramo e aí mais uma vez eu dou uma sugestão, o corretor de seguros, Leonardo Askar, da Uniplanos Corretora e Consultoria em Seguros é um profissional ético e que pode dar toda orientação necessária. Você pode enviar um e-mail para
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quinta-feira, 9 de abril de 2009

E o filho do meio?

As relações entre irmãos, o primogênito, o caçula e o do meio, muito comuns no passado, praticamente inexistem nos dias de hoje. Psicólogos questionam se a atual opção por famílias reduzidas pode deixar suas marcas na formação dos filhos.
Texto: Margareth Azevedo

Sanduíche de gente
Bem-sucedidos em suas áreas de atuação, Frank Sinatra e Cazuza eram filhos únicos; Sigmund Freud e Wiston Churchill, primogênitos; Gandhi e Margareth Tatcher, caçulas; Ayrton Sena, filho do meio. Para as novas gerações, esses modelos não significam absolutamente nada, mas para quem já passou dos 40, a ordem de chegada do filho na casa teve alguma conseqüência, para ele próprio ou para seus pais. Era o tempo da sociedade patriarcal quando o comum eram os casais terem uma “escadinha” de filhos, em que pontificavam os irmãos mais velhos, os mais novos e a turma do meio. Nos dias de hoje, essa relação praticamente inexiste, pois a opção das famílias é por apenas um ou, quando muito, dois filhos. Sem entrar no mérito das causas, quase sempre econômicas ou profissionais, o fato é que vem desaparecendo a figura do irmão, importante na criação de referências pessoais. Naquelas famílias mais antigas, de nossos pais e avós, por exemplo, era bem definido esse papel dos irmãos e até mesmo o padrão comportamental deles. De certa maneira, algumas rusgas e comentários ainda persistem entre os de mais de 40, porém, de forma velada. “Meu irmão mais novo sempre foi o queridinho da mamãe.” “Fulana não casou, por isso, como filha mais velha, coube a ela cuidar dos pais”, “Como filha do meio sempre fiquei ‘sobrando’. Meu pai e minha mãe estavam sempre preocupados com meu irmão mais velho ou com minha irmã caçula”, entre outros mais picantes. A pergunta que se faz é: “O fato de ser o filho primogênito, do meio, caçula ou único influencia na tomada de decisões das pessoas na vida adulta? A respeito, um dado interessante é levantado pelo especialista em Psicologia Analítica (Jung), Mitologia e Antropologia, o psicólogo clínico Mauro Godoy. Ele comenta pesquisas realizadas nos Estados Unidos que apontam para o elevado percentual (40%) de dirigentes de empresas, todos filhos do meio. “No livro Born to Rebel, de Frank Sulloway, consta que os filhos mais velhos ou únicos tendem a ser mais conservadores e obedientes. Os caçulas e os do meio seriam propensos a levar a vida menos a sério”, emenda. Segundo o psicólogo, a personalidade dos irmãos varia conforme o nascimento, pois eles adotam diferentes posturas e estratégias em busca da aprovação dos pais. “O filho do meio ou o `filho-sanduíche’ tem que lutar sempre para que sobre um pouco da atenção dos pais, dividida entre o mais velho, o desbravador, e o mais novo, o queridinho. Essa luta por espaço o faz transitar entre ser o manhoso e o ser tranqüilão”, define. Promoção A tendência do primogênito de carregar as expectativas dos pais acaba com a chegada do segundo filho. O comportamento da criança tende a se alterar; ela pode ficar agressiva e ter ciúmes. Esses traços, de certa forma, justificam a insatisfação ou mesmo se revelam como uma maneira de chamar a atenção. “Entre 3 e 7 anos, que é a idade do Édipo, isso vai ficar bem mais forte. Fora dessa faixa, a situação é mais amena”, constata Godoy, que explica não haver grande diferença entre a reação de meninos e meninas primogênitos. No caso das meninas, elas tendem a se adaptar mais a essas mudanças. Para o filho do meio, a chegada de um terceiro herdeiro pode provocar uma sensação de substituição, porém, ele nunca foi o único, porque existe o maior. Portanto, não sofre com a sensação de troca como o primogênito, pois nunca teve exclusividade. “Através das pesquisas que fiz, constatei que ocorre o contrário. O filho do meio tem a sensação de satisfação; é como se fosse uma situação de promoção. Incomoda apenas o fato de ser o menor, o inferior, o pequeno”, comenta o psicólogo. Os pais tendem a adotar com o filho do meio as mesmas atitudes que tiveram com o primogênito, quando oferecem presentes ou compensações. Mas essa é uma condição totalmente diferente da do filho mais velho. “É óbvio que o filho do meio vai adorar essa brincadeira, porém, ele não vê muito o porquê disso”, afirma Godoy. Competição Embora os pais afirmem não fazer distinções entre seus filhos, o especialista explica que os rótulos são inevitáveis. “É uma questão de tamanho, de idade, de amadurecimento ou não. Por mais que afetivamente exista essa necessidade de comparação, na prática, os pais convivem com um filho que já aprendeu e outro que está aprendendo. Isso torna impossível haver uma igualdade. E quanto mais diferença de idade, pior”, enfatiza. A disputa pelo amor dos pais, o conflito entre os irmãos, é antropológico, conforme Godoy. Sempre existiu na humanidade e faz com que as pessoas aprendam a se relacionar socialmente. Essa convivência permite o aprendizado de muitos valores, tais como competição, rivalidade, solidariedade. “É saudável ter irmãos, pois mais tarde a pessoa se relacionará, no seu dia-a-dia, com outras. Isso é o que denominamos de relação interpessoal, quando não inclui afeto”, destaca. Além de serem os primeiros rivais e amigos, os irmãos são modelos no aprendizado. Hoje em dia, nem sempre o pai e a mãe estão presentes integralmente na educação dos filhos. Nesses casos, é comum o mais velho ocupar o papel do pai. Mas ele é apenas mais uma referência para a criança. O psicólogo detalha: “É um processo gradativo em que a pessoa não só observa os pais como também os outros, até adquirir uma forma própria.” Em extinção Godoy observa que na maior parte das vezes, o primogênito recebe dos pais respeito, e o caçula apoio. O filho do meio fica sobrando. Ele descobre o caminho da porta de saída com mais facilidade e logo aprende a andar com suas próprias pernas. “Isto se aprender a cuidar de si, tornando-se sua própria mãe, e resolver seus problemas, como pai de si mesmo. Caso contrário, amargará o desleixo do abandonado assumido. É o ex-caçula que se emancipou no dia em que o próximo irmão nasceu, perdendo assim o horrível estigma de ser ‘o menor’. Pode ser que esta sensação de ser promovido torne-se comum durante a vida.” Mas é importante destacar que a figura do filho do meio é cada vez mais rara, diante da freqüente decisão dos casais de optarem por um ou dois filhos. No seu entender, a síndrome do filho único, que se espalha em diversos países do mundo, resulta num ser diferenciado pela família. Ele recebe todo o amor e expectativa dos pais, avós e tios já que também é o único neto e sobrinho. Este “príncipe da casa” tem sua majestade ignorada em outros locais, seja na escola, na rua ou até no playground do prédio. A sociedade desconhece sua exclusividade. “É um fator que pode indicar pessoas mais dependentes ou complicadas, que já observamos hoje e enxergamos para o futuro. Pela lógica, alguém terá que liderar, só que serão lideres mais problemáticos. Pobres de nós que, dentro de algumas décadas, seremos administrados por representantes únicos, criados para adorar os seus próprios umbigos”, finaliza Godoy.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Brincadeiras Infantis: Importância para o Desenvolvimento

Autora: Mônica Oliveira da Silva Vicente Valentim

Este trabalho abordará o assunto brincadeiras infantis, fator fundamental ao desenvolvimento das aptidões físicas e mentais da criança, sendo um agente facilitador para que esta estabeleça vínculos sociais com os seus semelhantes, descubra sua personalidade, aprenda a viver em sociedade e preparar-se para as funções que assumirá na idade adulta.
A escolha deste tema surgiu da necessidade de abordarmos o assunto "jogos e brincadeiras infantis" não apenas como simples entretenimento, mas como atividades que possibilitam a aprendizagem de várias habilidades. O objetivo do artigo é correlacionar o lúdico, a brincadeira de infância, com recursos capazes de contribuir para o desenvolvimento das funções cognitivas da criança, bem como fazer associação da atividade nervosa à cognição, objeto de estudo da neuropsicológica.
De início é importante explicar que foi utilizada a palavra jogo para referir-se ao "brincar". Vocábulo predominante da Língua Portuguesa quando se trata de atividade lúdica infantil. A palavra "jogo" se origina do vocábulo latino ludus, que significa diversão, brincadeira. O jogo é reconhecido como meio de fornecer à criança um ambiente agradável, motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de várias habilidades. Em Psicologia, aprendizagem é o processo de modificação da conduta por treinamento e experiência, variando da simples aquisição de hábitos à técnicas mais complexas. Por desenvolvimento, a designação do ato de desenvolver, progredir, crescimento paulatino. A brincadeira infantil é um importante mecanismo para o desenvolvimento da aprendizagem da criança.
Piaget (1976) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Ele afirma:
O jogo é portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil.( Piaget 1976, p.160).
Outro grande pesquisador que, como Piaget, desenvolveu trabalhos na área de Psicologia Genética e se interessou pelo jogo infantil, foi Henri Wallon. Analisando o estudo dos estágios propostos por Piaget, Wallon fez inúmeros comentários onde evidenciava o caráter emocional em que os jogos se desenvolvem, e seus aspectos relativos à socialização.Referindo-se a faixa etária dos sete anos, Wallon (1979) demonstra seu interesse pelas relações sociais infantis nos momentos de jogo:
A criança concebe o grupo em função das tarefas que o grupo pode realizar, dos jogos a que pode entregar-se com seus camaradas de grupo, e também das contestações, dos conflitos que podem surgir nos jogos onde existem duas equipes antagônicas. (p.210)
O vocábulo "brinquedo"não pode ser reduzido à pluralidade de sentidos de jogo, pois conota criança e tem uma dimensão material, cultural e técnica. Como objeto é sempre suporte de brincadeira. E brincadeira? É a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica.
Entre as concepções sobre o brincar, destaca-se as de Fröbel, o primeiro filósofo a justificar seu uso para educar crianças pré-escolares. Fröbel, foi considerado por Blow (1991) psicólogo da infância, ao introduzir o brincar para educar e desenvolver a criança. Sua Teoria Metafísica pressupõe que o brinquedo permite o estabelecimento de relações entre os objetos do mundo cultural e a natureza, unificados pelo mundo espiritual.
Um tipo especial de jogo está associado ao nome de Maria Montessori. Trata-se dos jogos sensoriais. Baseado nos "jogos Educativos" pensados por Fröbel - jogos que auxiliam a formação do futuro adulto -, Montessori, segundo Leif e Brunelle (1978), elaborou os "jogos sensoriais" destinados a estimular cada um dos sentidos. Para atingir esse objetivo, Montessori necessitou pesquisar uma série de recursos e projetou diversos materiais didáticos para possibilitar a aplicação do método.Durante muito tempo confundiu-se "ensinar" com "transmitir"e, nesse contexto, o aluno era um agente passivo da aprendizagem e o professor um transmissor. A idéia de um ensino despertado pelo interesse do aluno acabou transformando o sentido do que se entende por material pedagógico. Seu interesse passou a ser a força que comanda o processo da aprendizagem, suas experiências e descobertas, o motor de seu progresso e o professor um gerador de situações estimuladoras e eficazes. É nesse contexto que o jogo ganha um espaço como ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que propõe estímulo ao interesse do aluno. O jogo ajuda-o a construir suas novas descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva o professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem.
Antunes (2000) elaborou um trabalho baseado nas áreas das inteligências que podem ser estimuladas através da utilização de um jogo, de natureza material ou até mesmo verbal. Incluem as dimensões: lingüística, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésico-corporal, naturalista, intrapessoal e inerpessoal. Na área de inteligência lingüística temos como exemplos o jogo da forca, bingo gramatical e telefone sem fio. Na inteligência lógico-matemática o dominó, jogos das tampinhas, jogo das formas e baralho de contas. Na inteligência espacial temos o jogo da sucessão, jogo da memória e damas.
Muitos jogos infantis fazem parte do folclore, que Cascudo (1979) definiu como a "cultura popular, tornada normativa pela tradição". Os jogos populares, ao lado dos acalantos, parlendas, adivinhas e cantigas de roda, estão reunidos sob o título de "Folclore Infantil". Os jogos tradicionais, como amarelinha, o esconde-esconde, a queimada, a cabra-cega etc. são encontrados, nas diferentes regiões do mundo: Portugal, Espanha, França, Itália e outros.
Embora não seja objetivo deste artigo a investigação das dimensões antropológicas do jogo infantil, é imprescindível o registro de sua importância no quadro cultural de qualquer comunidade onde está sujeito às influências de ordem social e político-ideológica como as demais manifestações culturais.
Pode-se perceber a importância dos jogos e brincadeiras infantis para o desenvolvimento intelectual e social da criança, mas faz-se necessário também associar os mecanismos da aprendizagem com a integridade do sistema nervoso.Crianças com algum tipo de problema neurológico ou motor necessitam de materiais especialmente criados, para auxiliá-las nas atividades pedagógicas.
Nos ocorreu uma pergunta: Se as brincadeiras infantis cooperam para o desenvolvimento e aprendizagem da criança, por que alguns educadores resistem em adotá-las em seus planejamentos educativos, utilizando-as apenas como recreação informal? Provavelmente por tratar-se de algo que exija certo cuidado no seu planejamento e execução.
Existem dois aspectos cruciais no emprego dos jogos como instrumentos de uma aprendizagem significativa. Em primeiro lugar o jogo ocasional, distante de uma cuidadosa e planejada programação, é tão ineficaz quanto um único momento de exercício aeróbio para quem pretende ganhar maior mobilidade física, e em segundo lugar, uma grande quantidade de jogos reunidos em um manual somente terá validade efetiva, quando rigorosamente selecionados e subordinados à aprendizagem que se tem em mente como meta.
Em síntese, jamais pense em usar os jogos pedagógicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento, e jamais avalie sua qualidade de professor pela quantidade de jogos que emprega, e sim pela qualidade dos jogos que se preocupou em pesquisar e selecionar.


Referência bibliográficas

1 - ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 8ª ed. Petrópolis, R.J: Vozes, 2000.
2 - BLOW, Susan. Simbolic education: a commentary on Fröbel"s mother play. Harris, W.T. (ed) New York an London: D. Appleton, 1991.
3 - CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. São Paulo: Melhoramentos, 1979.
4 - Enciclopédia Microsoft ® Encarta ® 2001 © 1993-2000 Microsoft Corporation. Todos os direitos reservados.
5 - LEIFT, Joseph e Brunelle, Lucien. O jogo pelo jogo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978
6 - PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Trad. Por Dirceu Accioly Lindoso e Rosa Maria Ribeiro da Silva. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976
7 - SANTOS, Santa Maria Pires dos. Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. (org). Petrópolis, R.J.: Vozes, 1999
8 - WALLON, Henri. Psicologia e Educação da criança. Lisboa: Vega/Universidade, 1979




Mônica Oliveira da Silva Vicente ValentimOrientadora Educacional e Vocacional com Especialização em Psicomotricidade