Um dos mais importantes teóricos da comunicação, Marshall McLuhan, já afirmava na década de 1960 que uma forma de organização baseada nas mídias eletrônicas levaria informação ao mundo quase simultaneamente. Chamou a isso de “Aldeia Global”. Poder-se-ia dizer que ele tornou-se um visionário da internet décadas depois.
O mundo unificado pelos meios de comunicação de massa, preconizado por McLuhan, tem agora o seu maior expoente na difusão da informação, uma vez que a internet assumiu um papel central de divulgação, que tem grande influência na sociedade. Nunca antes, pelo menos até o advento da rede mundial, a repercussão do noticiário econômico de um país teve tamanha especulação e alterações de humor extremas - do desespero à esperança -, gerando efeitos simultâneos em várias outras nações e influenciando a vida de milhares de pessoas. Este fato nos mostra claramente, em todas as nuanças, o que a teoria da “Aldeia Global” de McLuhan realmente significa. Esta massa de informações vem de todos os lados e organizá-la não é tarefa simples. Para tentar entender como tudo começou, vamos procurar alguns dos pontos iniciais deste emaranhado.
A recessão nos Estados Unidos, fruto da turbulência no sistema financeiro, começou no final de 2007, segundo os analistas econômicos americanos. Em 2008, esta se acentuou, atingindo seu ápice em setembro do mesmo ano, ganhando proporções globais. Foi a partir desse período que os EUA passaram a adotar medidas para evitar o colapso econômico.
O Brasil, na esteira do problema, também saiu em busca de ações de alívio à situação negativa. Em dezembro do ano passado, alguns criticaram as práticas adotadas pelo Governo Federal, considerando-as setoriais e pontuais, pois desejavam decisões macroeconômicas. Passado um tempo, deixaram de criticar o método, talvez porque os Estados Unidos fizeram o mesmo. Aliás, os americanos foram ainda mais agudos. Socorreram diretamente as empresas.
O fato é que não há turbulência econômica que se resolva sem o ataque direto às questões que estão em foco. Se as soluções de longo prazo não surtiram os efeitos com a rapidez desejada, partiu-se, então, para caminhos que apagassem os incêndios. No caso do Brasil, isso foi ainda mais acentuado, até porque o problema veio de fora, de maneira repentina. Agora, tenta-se achar a dimensão da turbulência e sua duração.
Alguns países adotaram ações protecionistas. Trata-se de um redesenho do comércio mundial, com forte viés político – agradar os cidadãos próximos com práticas ao alcance do estado é um método muito mais antigo do que a própria economia de mercado.
Avaliando-se os indicadores econômicos brasileiros disponíveis nesse início de ano, é ainda precipitado apontar o rumo que a economia tomará. O certo é que não seremos tão atingidos quanto os países desenvolvidos, um resultado de uma antiga política econômica que justamente contrapunha aquilo que levou os Estados Unidos à beira do colapso: sempre se impediu o aquecimento do consumo desmesurado e as linhas de crédito de bens de consumo, que só começaram a se ampliar nos últimos dois anos. Assim, ironicamente, essa política nos foi favorável neste momento.
Aqui no Brasil, a influência da turbulência é ainda obscura. Desde o ano passado, os preços das commodities têm caído gradativamente. Já a produção industrial também experimentou queda. No entanto, a inflação continua irredutível. Isso sinaliza que a manobra da política monetária é insuficiente.
A realidade é que as exportações têm sofrido mais com a retração econômica, abandonando o crescimento contínuo que vivenciava nos últimos tempos. No comércio exterior, obviamente, o desemprego se fez sentir de forma evidente.
O mercado interno, que nos últimos anos ganhou um expressivo contingente de novos consumidores, deverá evitar que o PIB (Produto Interno Bruto) fique negativo neste ano. Pelo menos é o que se percebe nesses primeiros meses de 2009. Verifica-se a necessidade, porém, de redução dos juros, paulatinamente. É preciso também estar atento à questão do gasto público.
No entanto, outras explicações macroeconômicas exigiriam um olhar mais atento nas informações disponíveis na rede mundial. Recorreríamos novamente a “Aldeia Global”? Sim, isso é importante.
No entanto, devemos olhar para as nossas atitudes, acreditar na nossa capacidade, valorizar a razão, construirmos cenários futuros positivos, buscar a criatividade, objetividade, foco e obstinação. A “Aldeia Global” é uma das mais brilhantes teorias de nosso tempo e o acesso facilitado às informações em tempo real é fundamental para a sociedade de hoje. No entanto, não podemos ser afetados tão facilmente por estes extratos. Ao contrário, devemos viver com otimismo, empregando nossos conhecimentos e experiência, que estão em nossa origem primária. É isto que nos dá a base do crescimento.
Antoninho Marmo Trevisan é empresário e educador, presidente da Trevisan Consultoria e Gestão, da Trevisan Escola de Negócios e do Conselho Consultivo da BDO Trevisan, e Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
O mundo unificado pelos meios de comunicação de massa, preconizado por McLuhan, tem agora o seu maior expoente na difusão da informação, uma vez que a internet assumiu um papel central de divulgação, que tem grande influência na sociedade. Nunca antes, pelo menos até o advento da rede mundial, a repercussão do noticiário econômico de um país teve tamanha especulação e alterações de humor extremas - do desespero à esperança -, gerando efeitos simultâneos em várias outras nações e influenciando a vida de milhares de pessoas. Este fato nos mostra claramente, em todas as nuanças, o que a teoria da “Aldeia Global” de McLuhan realmente significa. Esta massa de informações vem de todos os lados e organizá-la não é tarefa simples. Para tentar entender como tudo começou, vamos procurar alguns dos pontos iniciais deste emaranhado.
A recessão nos Estados Unidos, fruto da turbulência no sistema financeiro, começou no final de 2007, segundo os analistas econômicos americanos. Em 2008, esta se acentuou, atingindo seu ápice em setembro do mesmo ano, ganhando proporções globais. Foi a partir desse período que os EUA passaram a adotar medidas para evitar o colapso econômico.
O Brasil, na esteira do problema, também saiu em busca de ações de alívio à situação negativa. Em dezembro do ano passado, alguns criticaram as práticas adotadas pelo Governo Federal, considerando-as setoriais e pontuais, pois desejavam decisões macroeconômicas. Passado um tempo, deixaram de criticar o método, talvez porque os Estados Unidos fizeram o mesmo. Aliás, os americanos foram ainda mais agudos. Socorreram diretamente as empresas.
O fato é que não há turbulência econômica que se resolva sem o ataque direto às questões que estão em foco. Se as soluções de longo prazo não surtiram os efeitos com a rapidez desejada, partiu-se, então, para caminhos que apagassem os incêndios. No caso do Brasil, isso foi ainda mais acentuado, até porque o problema veio de fora, de maneira repentina. Agora, tenta-se achar a dimensão da turbulência e sua duração.
Alguns países adotaram ações protecionistas. Trata-se de um redesenho do comércio mundial, com forte viés político – agradar os cidadãos próximos com práticas ao alcance do estado é um método muito mais antigo do que a própria economia de mercado.
Avaliando-se os indicadores econômicos brasileiros disponíveis nesse início de ano, é ainda precipitado apontar o rumo que a economia tomará. O certo é que não seremos tão atingidos quanto os países desenvolvidos, um resultado de uma antiga política econômica que justamente contrapunha aquilo que levou os Estados Unidos à beira do colapso: sempre se impediu o aquecimento do consumo desmesurado e as linhas de crédito de bens de consumo, que só começaram a se ampliar nos últimos dois anos. Assim, ironicamente, essa política nos foi favorável neste momento.
Aqui no Brasil, a influência da turbulência é ainda obscura. Desde o ano passado, os preços das commodities têm caído gradativamente. Já a produção industrial também experimentou queda. No entanto, a inflação continua irredutível. Isso sinaliza que a manobra da política monetária é insuficiente.
A realidade é que as exportações têm sofrido mais com a retração econômica, abandonando o crescimento contínuo que vivenciava nos últimos tempos. No comércio exterior, obviamente, o desemprego se fez sentir de forma evidente.
O mercado interno, que nos últimos anos ganhou um expressivo contingente de novos consumidores, deverá evitar que o PIB (Produto Interno Bruto) fique negativo neste ano. Pelo menos é o que se percebe nesses primeiros meses de 2009. Verifica-se a necessidade, porém, de redução dos juros, paulatinamente. É preciso também estar atento à questão do gasto público.
No entanto, outras explicações macroeconômicas exigiriam um olhar mais atento nas informações disponíveis na rede mundial. Recorreríamos novamente a “Aldeia Global”? Sim, isso é importante.
No entanto, devemos olhar para as nossas atitudes, acreditar na nossa capacidade, valorizar a razão, construirmos cenários futuros positivos, buscar a criatividade, objetividade, foco e obstinação. A “Aldeia Global” é uma das mais brilhantes teorias de nosso tempo e o acesso facilitado às informações em tempo real é fundamental para a sociedade de hoje. No entanto, não podemos ser afetados tão facilmente por estes extratos. Ao contrário, devemos viver com otimismo, empregando nossos conhecimentos e experiência, que estão em nossa origem primária. É isto que nos dá a base do crescimento.
Antoninho Marmo Trevisan é empresário e educador, presidente da Trevisan Consultoria e Gestão, da Trevisan Escola de Negócios e do Conselho Consultivo da BDO Trevisan, e Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
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