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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Distrito Federal: Educação no Combate à Violência

Estatísticas mostram que 80% dos adolescentes e jovens em cumprimento de medida socioeducativa não completaram o Ensino Fundamental e enfrentam dificuldades de aprendizado
Em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) está sendo desenvolvido um projeto pioneiro que tem como objetivo capacitar professores para alfabetizar alunos que estão fora da idade-série, enfrentar o problema da violência tanto na escola quanto na rua e combater a criminalidade nas cidades satélites do Distrito Federal, Paranoá e Itapoã.
O projeto foi iniciado depois que o delegado Miguel Lucena, chefe da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), descobriu que adolescentes estavam em mais de 80% dos casos investigados na região, como vítimas ou autores de crimes graves, entre eles tráfico de drogas, assassinato e roubo. A Delegacia de Polícia do Paranoá prendeu 330 garotos e garotas em conflito com a lei nos seis primeiros meses deste ano. Deste total, 20 estavam envolvidos com tráfico de drogas e a maioria não concluiu o Ensino Fundamental.
A Polícia constatou também que os jovens, na maioria dos casos, foram reprovados ou estavam fora da escola. Segundo Miguel Lucena, revoltados, eles buscam se destacar no meio em que vivem com a prática de delitos. O delegado afirma que as famílias desses jovens são muito pobres e não têm como cuidar, instruir, educar e discipliná-los. Por isso, o delegado acredita que não adianta só a polícia prendê-los, e sim dar sua contribuição para minimizar esse conflito. O delegado garante que uma pesquisa está sendo feita para detectar a relação entre as falhas no aprendizado e a violência.
O objetivo é manter esses jovens no caminho da cidadania para que eles não sejam presos no futuro. A professora Maria José Rocha Lima, consultora da Unesco junto à representação do Ministério da Cultura em São Paulo e coordenadora do Projeto de Extensão da UnB Brasília Bem Alfabetizada, afirma que estatísticas mostram que 80% dos adolescentes e jovens em cumprimento de medida socioeducativa não completaram o Ensino Fundamental e enfrentam dificuldades de aprendizado. No curso de formação para professores alfabetizadores, que trabalha com alunos no contexto de vulnerabilidade, foi verificada uma correlação direta entre não aprender e ficar violento, gerando uma situação de constrangimento. Quando as tarefas são aplicadas a esses jovens, eles não conseguem realizá-las e permanecem na escola. Sem conseguir acompanhar os colegas, eles acabam sendo hostilizados.
Com isso, ficam isolados e passam a ter comportamento atípico, constituindo um grupo de busca ao prazer com drogas. A consequência é a evasão escolar e o envolvimento com a criminalidade. Por tudo isso, o delegado acredita que o curso de formação para os professores alfabetizadores, que vão trabalhar com jovens e adolescentes, será fundamental para combater a violência na região do Paranoá. Na opinião da professora Maria José Lima, se a criança não tem acolhimento e é afetivamente privada, a escola tem que oferecer condições para que encontre caminhos eficazes. "A interação social é a base do aprendizado e o veículo fundamental para aprender e ensinar aos outros", diz.
Jornal de Brasília (DF) :: Luiz Augusto Gomes :: 22/08/2009

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