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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Crianças valorizadas pelos pais tornam-se adultos bem resolvidos

Pais que exigem demais dos filhos e aparentam decepção quando eles não atingem o idealizado minam a confiança em desenvolvimento

Carinho e cuidado são o que os pais costumam considerar a base da educação dos filhos pequenos. Acreditam ser o suficiente nos primeiros anos. O que muitos não imaginam é que gentileza e valorização dos acertos fazem toda a diferença para que os filhos se tornem pessoas confiantes. Essa essência da autoestima se forma cedo, até os sete anos. De acordo com a psicóloga Ana Maria Rossi, da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR), nessa fase, a criança já desenvolveu o próprio ego de acordo com os exemplos dos pais e da sociedade. "É uma construção que depende inteiramente da relação com os adultos importantes para ela", diz. Já quem é massacrado pelo excesso de expectativas dos pais, é humilhado e reprimido em sua espontaneidade, pode ter o futuro comprometido. "Não é uma condição imutável", afirma Ana Maria. "Mas sofrimento e prejuízos sérios nesse período marcam profundamente."
Um estudo da Lund University, na Suécia, publicado no mês passado no "Journal of Psychiatry and Menthal Health Nursing", aponta que a baixa autoestima está associada à rejeição. Cientistas da Universidade McGill, no Canadá, descobriram que pessoas que se sentem desvalorizadas podem apresentar uma diminuição da área do cérebro responsável por armazenar lembranças, como as da infância.
Pais que exigem demais dos filhos e aparentam decepção quando eles não atingem o idealizado minam a confiança em desenvolvimento. A criança, em sua fantasia, acredita que não ser capaz diante do olhar paterno e materno, o que significa não merecer amor. Segundos os especialistas, negligenciar a expressão de sentimentos e reprimir com frases como "cala a boca" ou "isso é assunto de adulto" também são maléficas. Para a professora de psicopatologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo, Cristine Lacet, o diálogo é a chave para a garotada aprender a confiar e a verbalizar sentimentos e opiniões. "Acolher dificuldades durante a conversa, sem criticar, ajuda na segurança, assim como ter os avanços reconhecidos também é fundamental", diz a psicóloga. De acordo com ela, é assim que eles percebem que estão indo bem ao vencer barreiras como timidez ou medo de não entender o que a professora explica em sala de aula. Para o terapeuta de família Moisés Groisman, a baixa autoestima não é um traço de personalidade e, sim, o reflexo de desajustes em casa. "A autoestima fraca não é o primeiro sintoma das crianças que aparecem no consultório", diz. "Elas chegam, geralmente, com problemas de aprendizado.
Depois, descubro que não são valorizadas na família, que há dificuldade de relacionamento entre os pais”, afirma. Saber que o erro faz parte das possibilidades, sem deixar se intimidar, é uma característica de quem tem autoestima.
Revista Istoé – 06/09/2009

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