Pesquisa personalizada

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Inclusão escolar de crianças com deficiência ainda é um desafio

Forma de inserir crianças com deficiência gera divergências entre pais, educadores e especialistas, e os professores se dizem despreparados para a inclusão

Sofrendo todo tipo de preconceito para estudar e às vezes negligência ou abandono por parte das escolas, as crianças com deficiência querem continuar os estudos e lutam com suas famílias para isso. Elas têm o apoio da legislação, que prevê a educação para todos, com respeito e acolhimento das diversidades, mas a realidade do sistema educacional brasileiro, na prática, está muito distante do que determina a lei. Há mais de 300 mil crianças com alguma deficiência matriculadas em colégios regulares e outras 342 mil em escolas especiais. O desafio a ser enfrentado pela sociedade é como unir esses universos, garantindo que alunos sejam efetivamente incluídos e atendidos em suas especificidades. Incluir, nesse contexto, é bem mais do que colocar na sala de aula. Todos concordam com a inclusão, mas discordam sobre como fazê-la.
De um lado, liderados pelas escolas especiais e pelas redes como Apae, estão os defensores de uma inclusão gradual, dentro de um processo, feita com acompanhamento especial. De outro, organizações não-governamentais ligadas ao tema defendem a inclusão obrigatória e a diminuição da rede especial. Para elas, só com a entrada em massa das crianças e jovens na rede regular é que o sistema se adaptará e passará a acolhê-los. Seja como for, além da falta de infraestrutura, de metodologia, de materiais didáticos e de professores de apoio, o desafio maior é o preconceito.
Pesquisa feita pela Universidade de São Paulo (USP), sob encomenda do Ministério da Educação (MEC), com 18.599 estudantes, pais e mães, professores e funcionários da rede pública do País, mostrou que 96,5% deles têm preconceito e querem manter distância de pessoas com deficiência. Levantamento do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), encomendado pela Fundação Victor Civita, apontou que 96% dos professores se dizem despreparados para a inclusão e 87% deles nunca receberam treinamento. O debate é complexo e delicado, envolve governos, famílias, equipe escolar e organizações da sociedade civil. Evidencia também todas as falhas da própria escola com todos seus alunos: excesso de estudantes em sala de aula, falta de acompanhamento individual, professores despreparados e episódios de violência. O resultado final é a falta de aprendizagem.
Para quem participa do debate, o despreparo não pode impedir o processo, que deve ser a inclusão total no colégio. Segundo a presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, Claudia Grabois, a escola só estará preparada quando os alunos estiverem lá. “Sei que é difícil, mas precisamos insistir ou nunca teremos uma escola para todos", diz. Para a representante da Apae de São Paulo, Liliane Garcez, se trata de um movimento em curso. "É um processo social, que já avançou na legislação e está progredindo nas escolas", afirma. O resultado que todos esperam, como resume Liliane, é uma escola que dê conta da diversidade humana, capaz de ensinar a partir das diferenças. "É a escola que queremos para todos”, ressalta.

Terapia - Mais de 200 crianças com deficiência matriculadas regularmente nas escolas municipais de Roraima serão atendidas pelas sessões de cinoterapia (terapia com cães). O projeto implantado pela Prefeitura de Boa Vista utilizará cães para ajudar no desenvolvimento de aprendizagem das crianças com deficiência, estimulando a socialização e ajudando a desenvolver a saúde emocional. Durante cada sessão, os alunos realizarão atividades simples, como tocar, brincar, passear, escovar, alimentar e abraçar o animal. A intenção é desenvolver a sensibilidade, o lado psicológico e a motricidade do aluno. Também serão utilizadas brincadeiras como bambolê e jogos com bolas. Um terapeuta acompanhará as atividades, anotando a execução feita pela criança.
Ao final de um período, o profissional poderá verificar a evolução do paciente e passar exercícios direcionados. A cinoterapia é uma atividade que está associada às outras terapias existentes no Centro, como fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, pedagogia e psicopedagogia. Os cães ajudam as crianças a superar problemas emocionais, melhorando a qualidade de vida e estimulando de várias formas a inclusão social. Para a terapia serão utilizados quatro cães das raças bulldog, chow-chow e um casal de shih-tzu. O cão de terapia é um animal dócil, socializado, ou seja, convive com pessoas e animais estranhos e é receptivo a carinhos e afagos.
O Estado de São Paulo (SP), Simone Iwasso – 06/09/2009; Folha de Boa Vista (RR) – 08/09/2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que você pensa a respeito?