Temporadas em casas de família evitarão que crianças em situação de vulnerabilidade, expostas a situações de insegurança ou sem condições de viver com suas famílias originais tenha que se mudar para um abrigo
Uma alternativa aos abrigos de crianças e adolescentes pode mudar a trajetória de jovens que precisaram se afastar da família biológica. Na tarde de ontem (14), a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) lançou o programa Família Acolhedora, que encaminhará meninos e meninas para casas de pessoas dispostas a recebê-los. As famílias podem se cadastrar para receber um morador temporário, e o tempo máximo de permanência das crianças é de seis meses , até que a situação delas se resolva. No Distrito Federal, há cerca de 800 crianças e adolescentes vivendo em abrigos e casas-lares. A minoria é de órfãos, pelo menos 80% delas têm pai ou mãe, mas saíram de casa por estar em situação vulnerável. Para uma criança, o risco vem da exploração sexual, agressões em casa, trabalho forçado antes da hora, entre outros. Normalmente, as crianças recolhidas nesses casos seguem para abrigos.
No período em que o projeto estabelece para a acomodação por voluntários, os assistentes sociais tentarão a reintegração com a família biológica ou a fila da adoção. Quando o semestre terminar, os garotos terão um lugar fixo para voltar. As famílias interessadas em participar do projeto poderão abrigar uma criança ou duas, no caso de irmãos. Cada família acolhedora receberá uma bolsa de R$ 415 para custear alimentação, material escolar e outros itens necessários para o abrigado.
O representante da família assinará uma declaração afirmando que não deseja adotar a criança. A intenção do projeto não é funcionar como um teste antes da adoção. Não é preciso ser casado nem ter filhos para se candidatar, mas todos os componentes da família devem estar de acordo com a proposta. Segundo a secretária do Sedest, Eliana Pedrosa, “hoje as crianças são direcionadas a abrigos, mas a situação lá nunca se equivale à de uma família, e essa é uma situação o mais próxima possível do seu próprio lar”, explicou. De acordo com a promotora de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude Fabiana Pinheiro, o modelo de instituição de abrigo para crianças e adolescentes está superado e é preciso pensar em alternativas. “Essas crianças têm o direito de viver em uma família e o abrigamento deve ser uma medida excepcional”, destaca. Para ela, as famílias devem ser bem selecionadas e preparadas para o acolhimento. Fabiana lembrou que, no DF, as crianças ficam abrigadas por uma média de dois a quatro anos.
Grávidas - Não só as crianças e adolescentes terão apoio quando precisarem. Grávidas e mães com problemas econômicos ou emocionais podem participar do projeto Mobilização pela Vida, também lançado ontem (14) pela Sedest. A proposta é ajudar as mulheres e orientar as que não querem o filho a proceder de maneira correta optar pela adoção dentro da lei. O objetivo é evitar o abandono de recém-nascidos em lugares que ofereçam riscos à vida da criança, como paradas de ônibus, córregos e até latas de lixo, entre outros locais onde já foram encontrados bebês largados pelos pais ou somente pela mãe. Nos casos em que a mãe quer ficar com o bebê, mas passa por dificuldades, a criança pode ficar em um abrigo até a mulher se restabelecer. Equipes da Sedest tentarão melhorar as condições de vida da mãe, seja com um curso profissional, uma vaga de trabalho ou ajuda psicológica. A identidade da mulher será preservada e ela pode procurar ajuda em qualquer unidade da secretaria, como nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras).
Correio Brasiliense (DF) – 15/09/2009
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